Entenda o que deve ser analisado no balanço financeiro anual das empresas.
Com pouco mais de quatro meses para a chegada do fim do ano, o planejamento financeiro com antecedência é o melhor caminho para obter bons resultados desde já, principalmente com os reflexos econômicos da pandemia ainda sendo sentidos.
A revisão anual é um momento de olhar no espelho retrovisor e fazer um balanço do ano anterior, isso porque a capacidade de ver o desempenho de um ano inteiro ajuda a analisar como foram as respostas aos eventos e desafios durante os últimos 12 meses, possibilitando maior entendimento do negócio.
É também uma oportunidade para rever os projetos de desenvolvimento da empresa e olhar para o futuro. Para isso, é importante ser capaz de analisar números confiáveis e precisos, ou seja, KPIs corretos.
Pensando nisso, Luciano Mendonça, diretor comercial da Euler Hermes, aponta os seis indicadores-chave de desempenho para serem utilizados na revisão dos negócios ano após ano:
1. Requisito de capital de giro
O WCR (Working Capital Requirement) mostra a quantidade de recursos financeiros de que uma empresa necessita para garantir o seu ciclo produtivo e a amortização de dívidas e despesas operacionais futuras.
Um aumento no WCR geralmente significa que a empresa tem menos recursos financeiros para buscar outros objetivos, como desenvolvimento de novos produtos, expansão geográfica, aquisições, modernização ou redução da dívida. Já uma queda indica que menos dos ativos estão vinculados às operações diárias da empresa e é preciso buscar mais fundos para fazer o que quiser.
Cálculo WCR: necessidade de capital de giro líquido = estoque + contas a receber – contas a pagar
2. Margem bruta e superávit operacional bruto
Enquanto a margem bruta oferece informações sobre a lucratividade (receitas menos custos relacionados à atividade da empresa), o excedente operacional bruto (GOS) mede quanto dinheiro sobra após o pagamento de salários e impostos.
GOS (Gross Operating Surplus) descreve a lucratividade operacional da empresa ao longo de um ciclo operacional completo. O equilíbrio financeiro da empresa pode ser analisado comparando o GOS de um ano para o outro. O GOS também pode ser usado para medir o lucro antes dos impostos, subtraindo a amortização e a depreciação.
Cálculo da margem bruta: margem bruta = vendas líquidas – COGS (custo dos produtos vendidos)
Cálculo do superávit operacional bruto: superávit operacional bruto = vendas líquidas – (salários + impostos)
3. Capacidade de autofinanciamento
Este indicador é utilizado para avaliar a saúde financeira do negócio e medir os recursos excedentes gerados no final do ano, que podem ser alocados em itens como amortização de empréstimos, novos investimentos ou aumento do capital de giro.
O montante de caixa gerado internamente pode ajudar a decidir, por exemplo, se vai pagar dividendos. O cálculo da capacidade de autofinanciamento a cada ano permitirá avaliar a mudança ao longo de vários anos financeiros. Idealmente, deve haver um aumento ao longo do tempo.
Cálculo da capacidade de autofinanciamento: Capacidade de autofinanciamento = lucro líquido + depreciações, amortizações e provisões.
4. Ponto de equilíbrio
Outro indicador que precisa ser considerado no longo prazo é o ponto de equilíbrio, ou seja, o nível de receita abaixo do qual a empresa não deve ir para evitar perdas.
O cálculo do ponto de equilíbrio no fechamento de cada ano financeiro permitirá que a empresa avalie esse indicador ao longo do tempo. O ponto de equilíbrio, porém, não é estático, mas evolui em resposta a uma série de fatores, como custos de mão de obra e preços de commodities, que mudam regularmente de acordo com a estratégia interna da empresa, mas também e principalmente por causa de fatores cíclicos que geralmente estão fora do controle.
Cálculo do ponto de equilíbrio: Ponto de equilíbrio = custos fixos / margem de lucro bruto
5. Estoques e custo dos produtos vendidos (CPV)
Os estoques são os produtos acabados mantidos por uma empresa que estão disponíveis para venda e incluem as matérias-primas usadas para produzir esses produtos – se você mesmo os produzir.
Enquanto permanecem não vendidos, os estoques são classificados como ativos circulantes em seu balanço patrimonial. Quando um item de estoque é vendido, seu custo de carregamento (armazenamento, etc.) é transferido para a categoria de custo de mercadorias vendidas (CPV) na demonstração do resultado.
Como os estoques fazem parte do dinheiro que entra e sai do seu negócio, é uma boa ideia implementar um sistema de estoque em execução constante, com uma medição completa pelo menos a cada final de ano.
Os estoques de mercadorias são avaliados por meio de inventário físico. Os estoques de mercadorias, matérias-primas e suprimentos são contabilizados no balanço pelo custo de aquisição, enquanto os trabalhos em andamento são avaliados pelos custos de produção incorridos até o encerramento do período contábil.
Cálculo do CPV: custo dos produtos vendidos = compras + estoque inicial – estoque final
6. Dias de Vendas Pendentes
As pequenas e médias empresas nem sempre controlam os atrasos nos pagamentos. No entanto, esses são indicadores importantes, já que pagamentos atrasados podem ter um impacto catastrófico em sua posição de caixa e, consequentemente, em sua capacidade de continuar operando. Daí a importância de configurar um painel que forneça uma visão geral dos pagamentos reais, juntamente com as contas a receber de clientes e a pagar.
Para ajudar a rastrear os pagamentos, use um indicador-chave, mas pouco conhecido: o Dias de Vendas Pendentes, ou Day Sales Outstanding (DSO)
Ele mede o tempo médio de pagamento de suas faturas comerciais e pode ajudá-lo a avaliar sua capacidade de receber pagamento em um determinado período (por exemplo, um mês). Esta informação permitirá agir antes que seja tarde demais, emitindo lembretes, renegociar termos de pagamento com fornecedores ou antecipando necessidades de financiamento.
Cálculo DSO: DSO = (contas a receber / vendas totais) * número de dias
Por meio destes indicadores, não só é possível fazer uma avaliação precisa das atividades e desempenho financeiro ao longo de um período de 12 meses, como também projeções futuras. Uma revisão anual completa é a chave para a criação de uma estratégia de crescimento com sustentabilidade financeira.
Fonte: Contabeis.com.br
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